Encerrada a Copa do Mundo Fifa 2014, as atenções de diversos segmentos empresariais brasileiros voltam-se, agora, para os próximos megaeventos a serem realizado no País: os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos Rio 2016.
Apenas nos Jogos Olímpicos, cuja cerimônia de abertura será no dia 5 de agosto de 2016, são esperados 10.903 atletas, de 204 países. Somam-se a eles 45 mil voluntários, 25.100 profissionais de mídia, sem contar o enorme público (7 milhões de ingressos serão colocados à venda).
Encerrados os Jogos Olímpicos, será a vez de os atletas paraolímpicos entrarem em cena, a partir do dia 7 de setembro de 2016. São esperados na capital fluminense 4.350 atletas, de 176 países, com cerca de 25 mil voluntários atuando para garantir que tudo ocorra perfeitamente. Os Jogos Paralímpicos deverão contar com 7.200 profissionais de mídia e terão 1,8 milhão de ingressos disponibilizados.
Assim, o mercado que se abre com os Jogos Rio 2016 é gigantesco e deverá beneficiar milhares de micro e pequenas empresas brasileiras, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Para que os Jogos Rio 2016 sejam bem-sucedidos, mais de 30 milhões de itens terão que ser adquiridos pelo Comitê Organizador. A lista é incrivelmente variada e vai desde equipamentos esportivos a canetas esferográficas, passando por camas e aluguel de barcos, entre outros.
Visando desenvolver o mercado nacional e permitir que as micro e pequenas empresas tenham participação ativa no contexto dos Jogos Rio 2016, o Comitê Organizador e o Sebrae assinaram, em 2 de julho de 2013, um acordo de cooperação técnica para o desenvolvimento desse segmento em todo o País.
Batizado de “Sebrae no Pódio”, o projeto visa qualificar os potenciais fornecedores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 para que possam atender às demandas do evento e, com isso, contribuir para fomentar de modo sustentável as cadeias produtivas nacionais.
Coordenador nacional do projeto “Sebrae no Pódio”, Francisco Marins explica que a meta do Sebrae é atingir 5 mil pequenas empresas por meio de palestras, das quais 2 mil deverão fazer negócios com o Rio 2016.
“Essa é a meta do Sebrae no Pódio. Nossa expectativa é que o número de pequenas empresas seja superado. É lógico que, para isso, vamos depender do interesse dos pequenos e micro empresários”, ressalta Marins. “Mas, pela experiência do Sebrae, tudo leva a crer que iremos superar as metas”, prossegue.
Para Paulo Alvim, gerente da unidade de acesso a mercado e serviços financeiros do Sebrae, a experiência vivida durante a Copa do Mundo só anima ainda mais o mercado para o horizonte que se abre com os Jogos Rio 2016. “Trabalhamos para identificar empresas que atendam às demandas e o potencial de compra que o Rio 2016 está tendo”, explica Paulo.
“Criamos uma ferramenta chamada Central de Oportunidade e, a partir dela, temos um conjunto de empresas que o Sebrae já conhece e que alinha produtos e serviços em função das necessidades do Comitê Rio 2016”, prossegue Alvim. “Com isso, a gente encaminha essas empresas para o cadastro do Rio 2016 e, a partir daí, elas seguem o rito deles para se tornarem eventuais fornecedores. Além disso, o Comitê apresenta algumas demandas específicas e nós vamos a campo para identificar essas empresas em todo o País”, detalha o gerente do Sebrae.
Processo de seleção
Para facilitar o processo de seleção das empresas interessadas em participar dos Jogos Rio 2016, foi criado o Portal de Suprimentos, que oferece serviços de Pré-Cadastro e Cadastro de fornecedores. Os interessados podem se cadastrar clicando aqui.
De acordo com Francisco Marins, o último levantamento feito pelo Sebrae mostrou que 2.466 empresas já estão cadastradas no Portal de Suprimentos como potenciais fornecedoras para o Rio 2016. “Desse total, 1.115 empresas são do Rio de Janeiro, e 1.351 são de outros estados “, detalha o coordenador nacional do projeto Sebrae no Pódio.
Ao contrário do que muitos acreditam, o movimento junto às micro e pequenas empresas que se transformarão em fornecedores para os Jogos do Rio não estará concentrado apenas no ano de 2016. Cerca de 75% das contratações de bens e serviços para os Jogos serão realizadas ainda neste ano e em 2015.
Diversos segmentos serão demandados ao longo dos próximos dois anos, como construções temporárias, gráficas, alimentação, informática, entre outros. Segundo o Sebrae, os principais serviços e setores demandados são:
>> Barcos de apoio
>> Brindes
>> Cabeamento elétrico
>> Confecção – uniformes
>> Construção civil
>> Design de interiores e decoração
>> Equipamentos de segurança
>> Gráficas
>> Lavanderia
>> Móveis
>> Produção audiovisual
>> Software
Paulo Alvim ressalta, ainda, que tanto a Copa do Mundo quanto os Jogos Rio 2016 deixarão para as micro e pequenas empresas do País um incrível legado, que as permitirá ampliar o mercado para além das fronteiras nacionais.
“O legado econômico e social é muito forte. Essas experiências abrem uma nova perspectiva para as empresas do País, que depois dos Jogos do Rio 2016 poderão atuar no mercado externo”, afirma o gerente do Sebrae.
“Com o trabalho realizado nesses megaeventos, essas empresas passam a estar preparadas para vender para não só no País como para o exterior e isso abre um mercado muito grande lá fora. Além disso, esse é um braço de oportunidade único para as empresas brasileiras, que vão se especializar e passar a se qualificar para atuar em campeonatos mundiais fora do País e também nos outros eventos internacionais que o Brasil irá realizar depois dos Jogos do Rio 2016, já que terá instalações de primeira linha para várias modalidades”, destaca Paulo Alvim.
Um desses legados já é visível, segundo Francisco Marins. “Nós já realizamos alguns encontros com empresas estrangeiras que têm interesse em buscar parcerias com empresas brasileiras. Fizemos encontros com um empresa de Dubai, do ramo da construção civil, e com uma do Reino Unido, da área de metal-mecânico. O objetivo desses encontros é, primeiro, abrir a possibilidade de joint-venture (associação de empresas, que pode ser definitiva ou não, com fins lucrativos, para explorar determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica). Buscamos ainda a troca de tecnologia e, por último, a prospecção de novos mercados, além dos Jogos Rio 2016”, detalha o representante do Sebrae.
“Para isso tudo acontecer, além da qualificação, o Sebrae oferece um cadastro, chamado United Nations Standart Product and Services Code (UNSPSC). Todas as empresas que nós cadastramos no Portal de Suprimentos ganharam essa codificação e isso já pode ser considerado o primeiro legado econômico para os pequenos negócios dos Jogos Rio 2016”, ressalta Francisco Marins.
Mais empregos e renda
Para Carlos Alberto dos Santos, diretor-técnico do Sebrae, a entidade usará todo o conhecimento adquirido na Copa das Confederações e Copa do Mundo para permitir que o máximo de empresas nacionais estejam em condições de participar do contexto dos Jogos Rio 2016.
“Para o megaevento esportivo que será realizado no Rio em 2016, o Sebrae conta com a experiência, o conhecimento e a tecnologia decorrentes da Copa das Confederações e da Copa 2014, além da tradição de mais de 40 anos enquanto agência de desenvolvimento e empresa de consultoria especializada em pequenos negócios”, destaca.
“Desses eventos, temos como legado a mudança de patamar dos pequenos negócios em sua gestão cotidiana. Cursos, seminários, rodadas de negócios e consultorias buscam qualificá-los melhor, de modo a torná-los inovadores e sustentáveis, visando a preencher os requisitos de contratação como fornecedores desses megaeventos. Também desenvolvemos uma matriz de competitividade e recorremos à Inteligência Comercial para apoiá-los, o que confere um novo patamar de qualidade e produtividade às micro e pequenas empresas participantes desses processos”, prossegue o diretor do Sebrae, que lembra ainda o potencial de geração de emprego que se abre com os Jogos do Rio 2016.
“Isso repercute na geração de emprego e melhoria de renda. Ao se habilitar como fornecedores desses megaeventos, os pequenos negócios brasileiros também passam a concorrer com empresas estrangeiras instaladas no Brasil. Certamente, teremos pequenos negócios aptos a atuar no mercado internacional, participando de megaeventos similares em outros países”, acredita Carlos Alberto dos Santos.
Eventos no Rio de Janeiro
Nos dias 3 e 16 de setembro, o Sebrae promoverá dois eventos do Projeto Sebrae no Pódio para empresários. Nas duas datas, os encontros serão realizados no Rio de Janeiro e os interessados em participar podem buscar mais informações pelo e-mail sebraenopodio@sebraerj.com.br.
Fonte: Fenacon