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O profissional certo

Data: 19/01/2015 07:44h

Senso comum não atende à demanda das empresas quando se trata de gestão contábil. Por esse motivo, profissionais da área se tornaram peça chave que favorecem o crescimento das empresas

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (Rais/MTE), apontou que 60% dos trabalhadores são empregados por micro e pequenas empresas de carteira assinada. Tal índice mostra que o mercado, de fato, necessita dos profissionais de contabilidade, uma vez que administrar um negócio implica em uma série de desafios, sobretudo no Brasil, onde a elevada carga tributária representa um obstáculo para organizações de diferentes portes.

Apesar de concentrar mais da metade da população economicamente ativa brasileira, apenas cerca de 30% a 40% das micro e pequenas empresas permanecem ativas até o quinto ano de sua existência. Para o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de Goiás (Sescon) Francisco Lopes, um dos motivos que contribuem, para esse baixo índice, é a falta de uma gestão contábil adequada. “As organizações contábeis devem participar ativamente do dia a dia de um empreendimento, desde sua abertura até a consolidação, já que atuam como consultoras e podem indicar as melhores alternativas para cada situação”, explica o presidente do Sescon.

Ele alerta que é preciso também definir um escritório de confiança antes mesmo de abrir uma empresa, como lembra o presidente da Fenacon, Mario Berti. “Um novo negócio exige o acompanhamento de profissionais que podem orientar sobre os rumos a serem seguidos, como o regime de tributação mais apropriado ou as mudanças legislativas que interferem economicamente, por exemplo,”, avalia. Para Francisco, os contadores exercem um papel fundamental para viabilizar e auxiliar no crescimento das atividades empresariais.

Registro profissional

De acordo com dados do CRC-GO, existem 12.227 registros de contadores ativos no Estado. Já entre os que foram baixados, mas que podem a qualquer momento voltar à atividade, estão cerca de 6.282 pessoas. O presidente do CRC-GO, Elione Cipriano da Silva, explica qual a importância desse documento para os contadores. “A contabilidade e o direito são as únicas profissões que exigem o registro profissional para o exercício da profissão. O exame de suficiência é normatizado por lei e garante ao contador o direito de exercer a profissão”, explica. Uma novidade relatada pelo presidente é o fato da nova normativa, que torna impossível que técnicos em contabilidade possam retirar o registro a partir de junho deste ano.

O CRC fiscaliza os profissionais e promove a educação continuada, ou seja, uma reciclagem desses trabalhadores. “As provas de suficiência são aplicadas duas vezes por ano no primeiro e segundo semestre. É obrigatório que o candidato acerte no mínimo 50% das questões para obter o registro”, ressalta Elione. Ele lembra que o documento fica pronto e disponível para o profissional, em média, 60 dias depois e o mesmo tem validade de dois anos e é revalidável.

“Um novo negócio exige o acompanhamento de profissionais que podem orientar sobre os rumos a serem seguidos, como o regime de tributação mais apropriado”

Francisco Lopes,presidente do Sescon-GO

Saiba Mais

Mas, como escolher uma organização contábil? Para facilitar o processo, algumas questões devem ser observadas. Confira sete dicas que podem ajudar na decisão:

Considere as indicações de outros empresários e pesquise, pela internet, para verificar as informações disponíveis no site do escritório. Outra orientação é consultar entidades de classe, como o Sescon-GO.
Vale lembrar que a localização do escritório deve ser na mesma cidade que a empresa, considerando que a legislação contábil e as obrigações tributárias podem se alterar de acordo com a região.
Outro fator, importante, é avaliar os clientes atendidos pela organização. Assim, é possível conhecer as áreas de atuação, além de buscar referências sobre os serviços prestados, considerando fatores como agilidade e responsabilidade, principalmente no cumprimento de prazos.
Antes de fazer a opção, é válido checar no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) se a organização e seus responsáveis estão inscritos e regulares no exercício de suas funções.
Entre as empresas que considerar mais adequadas ao seu caso, compare os custos da contratação com os benefícios oferecidos, sempre considerando a qualidade dos serviços prestados e as atividades que estarão inclusas.
Fique atento, aos canais de comunicação utilizados, pois a troca de informações entre a organização contábil e a empresa deve ser rápida, a fim de garantir a eficiência dos processos desenvolvidos.
Visitar o escritório, também, é fundamental para finalizar a decisão. Conheça o ambiente de trabalho, as soluções oferecidas e os profissionais envolvidos, já que você precisará ter uma boa relação de confiança com a equipe.

Entrevista – Francisco Lopes

“Toda organização necessita de planejamento contábil”

Presidente do Sescon-GO fala da importância da Contabilidade, “pois, é a responsável por mensurar o patrimônio das entidades, organizações e pessoas”

Diário da Manhã – Qual a importância do contador para as instituições?

Francisco Lopes – Toda organização necessita de planejamento e ele somente é possível com controles efetivos. É neste ponto que entra o papel do contador. Nosso País, de forma muito lenta, começa a fazer parte do clube de Nações que querem alcançar um nível de civilização forte, e isto depende muito da Ciência Contábil. É ela quem mensura o patrimônio das entidades, organizações e pessoas.

DM – Quais os principais erros cometidos por leigos que não consideram a importância dos contadores em suas empresas?

Francisco Lopes – As estatísticas brasileiras mostram que é alarmante o número de empresas, principalmente as pequenas e médias, que “quebram” nos primeiros anos de vida. Por que acontece isto? Normalmente, por falta de planejamento e de um plano de negócio. E o contador é um profissional habilitado nesta área, podendo ajudar e muito neste aspecto.

DM – Sua posição sobre o atual cenário do profissional contábil em Goiás, saberia precisar quantos existem aptos para atuar no Estado?

Francisco Lopes – Hoje, temos, em Goiás, em torno de 24.000 profissionais inscritos. Destes 12.200 são atuantes em todo o Estado, e a metade estão concentrados em Goiânia.

DM – Quais transtornos podem ser evitados quando se tem um bom escritório dando suporte?

Francisco Lopes – A legislação brasileira, principalmente a tributária, é muito complexa e altera constantemente. O Sescon- GO vem trabalhando diuturnamente para que o profissional contábil e também o empresário contábil estejam mais preparados para atuarem neste cenário. A nossa profissão sofistica-se à medida que a sociedade se desenvolve. Nesse sentido, estamos atentos para oferecer uma boa assessoria para as empresas, não apenas para evitar autuações, mas principalmente, para podermos concorrer para o crescimento econômico-financeiro dos nossos clientes.

DM – Como saber quando o escritório ou contadores estão cobrando preços justos pelos serviços prestados?

Francisco Lopes – Este assunto, mesmo para nós empresários da contabilidade, é de difícil mensuração, mas o Sescon-GO faz um grande esforço para entender esse processo, e, com isto, ajudar cada vez mais nossos associados. Para tanto, nos dias 27, 28 e 29 de janeiro, vamos promover um grande evento de reciclagem profissional. No dia 27, o curso será sobre precificação, isto é, qual o honorário justo que o profissional da contabilidade pode cobrar. Com certeza, vamos avançar muito nesse sentido porque o curso será ministrado por professores profissionais vindos do Paraná, onde já se tem uma forte experiência no assunto.

DM – Qual a importância de se ter balanços simplificados para os contadores e as empresas que os contratam. Além disso, o que até o momento inviabiliza que isso ocorra?

Francisco Lopes – Bom, existe como em todos os ramos, uma cultura. No Brasil, não é somente o governo que é burocrático. Nós, no dia a dia, somos burocráticos e temos dificuldades em sermos práticos. Isto explica porque demoramos tanto para abrir ou fechar uma empresa. O balanço simplificado vem nesta mesma direção. O ideal seria implantá-lo principalmente na pequena, média e microempresa, mas qualquer órgão seja do governo ou não, ao analisar um empréstimo, por exemplo, trata contabilmente uma pequena empresa como se fosse grande.

Nós, no dia a dia, somos burocráticos e temos dificuldades em sermos práticos. Isto explica porque demoramos tanto para abrir ou fechar uma empresa”, relata Francisco Lopes(Foto:divulgação)


NAYARA REIS DA SILVA
Diário da Manhã

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