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Economia deve crescer ao menos 2% em 2015 para renda avançar no País

Data: 24/10/2014 08:00h

A renda da população brasileira pode ser impactada negativamente se a economia do País não voltar a crescer pelo menos 2% ao ano em 2015, de acordo com projeções de especialistas entrevistados.

Nesse cenário, as negociações salariais também podem ser mais duras entre trabalhadores e empresas.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já vêm mostrando desaceleração da geração de postos de trabalho e de aumento de renda no País.

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada ontem pelo instituto, mostrou estabilidade na variação mensal do rendimento médio da população ocupada. A renda passou de R$ 2.064,82 em agosto, para R$ 2.067,10 no mês passado deste ano.

Já na comparação entre os meses de setembro de 2013 e 2014, a renda média da população expandiu 1,5%. Em setembro do ano passado, a renda estava em R$ 2.035,62.

"Em termos gerais, os resultados do mercado de trabalho mostram que, tanto a geração de emprego como o crescimento da renda, estão perdendo fôlego na comparação anual. O desempenho dos dois está semelhante ao que tem ocorrido com a economia do País", diz o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Claudio Dedecca.

Retomada
Dedecca avalia que a baixa atividade econômica do País tende a atingir o emprego e a renda conjuntamente. E que o panorama do mercado de trabalho, no próximo ano, dependente das decisões do próximo governo em relação à política econômica.

"O grande desafio de 2015 é colocar a economia em trajetória de crescimento novamente. Ela será decisiva para o mercado de trabalho", diz Dedecca. "Se a economia voltar a crescer, passaremos a ter bons indicadores no mercado de trabalho. No entanto, se tiver dificuldade, com certeza o mercado de trabalho ficará prejudicado termos de renda e do emprego", complementa.

Segundo o professor da Unicamp, é muito difícil traçar expectativas para a economia no próximo ano, seja em um governo de Dilma Roussef (PT) ou de Aécio Neves (PSDB).

"Está muito difícil saber como serão feitos os reajustes econômicos em 2015, dada as características que a campanha eleitoral assumiu. Temos muito pouca informação do que será próximo governo, seja em relação a qualquer um dos candidatos", opina Dedecca. "Os candidatos à Presidência da República não discutiram, de fato, iniciativas econômicas durante a campanha eleitoral", acrescenta o professor.

Negociações
Uma das poucas certezas para 2015, segundo Dedecca, é que a regra de reajuste salarial - que considera a inflação mais o crescimento econômico de dois anos anteriores - deva permanecer. "Essa é uma das poucas coisas que a cena eleitoral deixou clara. Tudo indica que, independentemente de quem assumir, a lei sobre correção salarial será mantida ", ressalta o professor.

"Se a economia voltar a crescer ao redor de 2% é provável ainda que as negociações coletivas continuem tendo resultados positivos", ressalta.

O professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Carlos Honorato, avalia que se tivermos uma inflação alta no próximo ano, corroendo o poder de compra dos trabalhadores, é possível que as negociações entre sindicatos e empresas se tornem mais duras. "No entanto, tudo isso irá depender do que acontecer em 2015. Mesmo entrando a Dilma, algumas medidas de ajustes econômicos terão de ser implementadas. No entanto, Dilma tem trânsito melhor com os sindicatos. Já Aécio poderá ser mais duro nas negociações" , opina Honorato.

Região
O IBGE também divulgou o desempenho do mercado de trabalho por região, que também mostrou estabilidade. Em relação a agosto deste ano, houve aumento do poder de compra em Recife, em 3,6% e Porto Alegre em 4,2%.

Já nas cidades de Salvador, Belo Horizonte e São Paulo, houve redução, em 2,0%, 1,8% e 0,6%, respectivamente.

Na comparação com setembro de 2013, o rendimento médio subiu em Recife, em 7,4%, no Rio de Janeiro, em 6,4% e em Porto Alegre, em 6,3%.

Salvador e Belo Horizonte também tiveram diminuição de renda na relação anual, em 6,1% e 2,7%, respectivamente.

A massa de rendimento médio dos ocupados também ficou estável entre agosto e setembro deste ano, em R$ 48,4 bilhões, e cresceu 0,9% em relação a setembro de 2013.

Entre os setores da economia, houve expansão do poder de compra dos trabalhadores dos serviços de alojamento, transporte, limpeza urbana e serviços pessoais em 3%, na comparação entre agosto e setembro de 2014. E nos serviços prestados a empresas, que teve expansão de 0,6%.

Já a indústria e os setores de educação, saúde e administração pública houve estabilidade no rendimento real. A construção teve queda de 2,7%, os serviços domésticos de 0,6%) e comércio de 0,5%.

Na comparação anual, a construção civil foi o setor no qual ocorreu maior aumento de rendimento, em 5,6%.

Já a renda dos empregados domésticos avançou 4,5%. No comércio, houve crescimento do rendimento em 2,7%. E nos setores de educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social, crescimento de 2,3%.

Fonte: DCI

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